quinta-feira, 17 de julho de 2014

Ágora

Sobre a mesa vermelha:
Meu maço.

Ao meu redor
Três filósofos bêbados.

E eu. 
Eu que já não fujo mais de mentiras 
Ouço atento a toda aquela filosofia.

Religião, política, futebol 
As catástrofes do jornal 
As tragédias não anunciadas
O filho da vizinha que morreu 

Tanto que se diz, pouco que se ouve.
No tanto que se ouve, não há o que dizer.

A noite gelada me lembra o teu corpo 
Mas jurei que hoje não iria precisar de ti.

A Ágora se desfaz 
Os três filósofos bêbados 
São três bêbados filósofos.

Imerso no momento, me questiono:
Onde estará você essa noite? 
Em que casa,
Carro,
Rua,
Chão,
Bar,
Motel? 
Não quero saber. 

Eu jurei que não ia precisar de ti
Não essa noite.

Meu nome é sussurrado 
Acabou o expediente
Fechamos o bar.

Dos filósofos já não sei mais,
Os maços já se foram,
As mesas se empilharam. 

E tu? Cadê? 

Juro que é só mais uma vez. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário