domingo, 27 de julho de 2014

AF:. Fila do pão

Encontrei a mãe dela hoje.
Na maldita fila do pão...

Ela tava comprando pães 
E eu, adivinhe...cigarros.

Tentei fingir que não era eu
E quase funcionou, mais um pouco
E ela não me acharia atrás da barba.

Mas ela reconheceu.
Ela me viu embaixo daquilo,
Do misto de decadência e pelos. 

Uma conversa breve.
Sempre tão agradável.
Por um segundo achei que sairia ileso.

"Uma pena não ter dado certo,
Tu era o genro que sempre quis.
Adoraria ser avó dos teus filhos."

Se haviam dúvidas quanto ao efizema,
Ali eu tive certeza. Perdi todo meu ar.

Sai sutilmente apressado e fui.

Nem Deus sabe em que direção.
Só consegui pensar: filhos.

Imaginei ela grávida
Imaginei o parto
Imaginei dois
Imaginei crianças 
Imaginei domingos 
Imaginei uma família.

Espera.
Não, não vai.
Pode ficar, eu pago pela noite toda. 

Preciso terminar essa história. 

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