terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Janela.

Onde hoje sangra dor, 
           Outrora foi uma janela.

Onde hoje não há amor,
           Outrora vivia o filho dela.

Uma alma conturbada
           Buscou tanto uma paz
                  E na brisa fora encontrada.

Mergulhou no desespero
           Pôs fim a dor num segundo
                  Fez da alma, pó do mundo.

Vida e morte
           Faz uma da outra,
                    Jogo de sorte.

Zona mental

Te amo,
Não posso,
Não devo.

Tenho medo,
Choro,
Ignoro.

Fujo,
Corro,
Quase morro.

Te amo,
De novo,
Em dobro.

Espelhos.

Nossa, olha ali
olha a tristeza naquela imagem
nossa, mas quanta dor
ah, não é uma imagem distante..
É, aquela ali
É um reflexo de mim

Cansa, até o aço.

Dor.
Medo.
Solidão.
Cansaço.
Não és nem um verso mas já estou exausto.
Exausto só de pensar em sentir
Já não há mais forças nem pra mentir
Dor.
Ah, já não sei dizer o que dói.
Corpo, mente ou alma
Não sei e o pior é que me corrói.
Medo.
Medo de que? De fora ou de dentro?
Tá com medo ser ou de ve-la feliz?
É ela que ressoa por dentro.
Solidão.
Parece a pior mas é na verdade, a melhor
Sempre esteve aqui e nunca me deixou só
Já és tão íntima que sei teus jeitos de cor.
Cansaço.
Cansei de manter as máscaras
Que venham abaixo, que seja um grande espetáculo
Entrada franca, mentiras caras.

Piccola

Piccola,
Pequena, 
Picolé.
Sorvete em dia calor 
E um café mais quente, por favor
Coisas que só você sabe o que é.
Nessa dança de situações
Sou o que você quiser
Amiga sempre, amante quando der
Sou apenas mais um visitante
Não me importa ser alguém, não me interessa o título
Venho e vou, nada alarmante
És tu e nem sabe
A mais singela
Das obras de arte.
Pequena, 
Piccola, 
Picolé.

Fábio

Somos muitos
Somos tantos
Somos todos.
Quase não da pra perceber
Quem liga pra quem passa?
Se não é meu, não tem graça
Ai, me aparece você
Ah! Você!
Teu jeito, teu riso, teu tudo
Com você me sinto pronta
E juntos desbravamos o mundo.
Conversas que duram anos
Momentos que duram décadas
Espero que nunca esqueçamos.
Ah! Você!
Você é tão incrível, tão especial
Contigo aprendo sobre tudo
Faz tu, dos meus defeitos, normal
Somos dois
Somos poucos
Somos inteiros.

Soneto dela

Sabia que assim ia terminar
Não havia outra possibilidade
Haviam tantas verdades
Mas era tão forte como o mar
E como um mar, tinhas tu, ressaca
E nela fui afogada e transbordada
Será que eras tão dissimulada?
Será que fostes tu, minha capitu?

Tão intenso quanto machado
Tão amargo como casmurro
É esse o meu fim mais puro
Sou sim, um vazio consagrado
Está é a última cena do último ato
É o fim do nosso espetáculo
Não é romanesco, é biográfico
É fim mas não é trágico.
Só preciso dizer que por fim
Pintei o teto de azul como você disse.

Grande erro

Entrego os pontos, você venceu. É, eu sou seu maior erro, seu maior lamurio. Cresci assim, meio sem você não literalmente mas sentimentalmente, cresci por conta própria, cresci apoiada apenas em mim. Mas não reclamo, não acho que tenha sido ruim, pelo contrario, amadureci, me tornei mais forte, menos vuneravel. Coloquei no peito uma armadura, talvez cedo demais mas coloquei, uma armadura que na maior parte das vezes me protege de você. Posso reclamar de ter crescido só mas não posso alegar que não tive exemplos, pois você é o meu maior exemplo de tudo o que não ser, está em você tudo que eu mais desprezo, tudo que abomino, tudo que quero bem longe de mim. Tantos querem ser os espelhos dos seus, os reflexos dos mesmos e eu querendo ser sua arqui-rival, sua pior inimiga, eu querendo ser um anti-você. Me sinto uma tola sonhadora toda vez que penso em quantas vezes me peguei tentando entender, até me culpei e pior, tentei de forma incessante a sua aprovação mas que tola eu, tudo tão em vão. Quanto mais cresço menos me vejo em você, me pergunto se em algum momento te terei apenas como uma estranha, pior, se te verei como os demais olhares tortos em minha vida que enfrentei e superei e apaguei de mim. O que me dói mais é olhar no espelho e ver em mim esse poço de rancor, de magoas e feridas ensaguentadas e dolorosas, feridas que não se fecham de forma alguma. É, eu sou seu maior fracasso, seu pior pesadelo, sou seu importuno, sou a mancha da sua vida, o buraco do seu passado, sou a prova viva de tudo aquilo que você mais quer esquecer, sou como um erro que você quer passar por cima, que você quer ignorar como se não estivesse ali, sou mesmo seu maior defeito. É, eu sou na verdade o seu maior e mais catastrofico erro.

“Significado de Erro
s.m. Opinião, julgamento contrário à verdade: cometer erro.
Falsa doutrina; opinião falsa: o erro dos heresiarcas.
Engano, equívoco: erro de cálculo.”

Cá estamos, eu e a insônia

Cá estou, ainda acordada e de certa forma atordoada, com a cabeça cheia de pensamentos, planos, utopias e até pequenos dilemas. Cá estou, uma menina, assim meio perdida e meio encontrada, com insônia de sonhos perdidos, com medo do que se aproxima e felicidade do que já sei foi. Essa será apenas mais uma noite mal dormida, mais uma noite onde tenho apenas uma xícara de café e pensamentos, tanto bons quanto ruins, de companhia. Cá estou, imersa em pequenos devaneios, doces deletérios provenientes de minha própria cabeça, pois sim, sou meu maior veneno. Nesta cadeira, pouco confortavel, olhando o movimento na porta, ouvindo no fundo a televisão que está tão que transpassa o som que vem dos fones de ouvido, observando as letras que surgem na tela ao meu toque no teclado, rindo daquela pequena gota seca de escorrida de café e curtindo intensamente o barulho hipnotizante do silêncio da madrugada que é tão calada mas que provoca gritos dentro de mim. Nesse momento me sinto sozinha mas é um sozinha em paz, é um sozinha que me remete a um prazer inenarravel de estar só comigo e pensamentos e ideias vãs. Penso que se nascesse na epoca do romantismo, de fato seria adapta ao byronismo, pois ao ler as caracteriscas de tal me sinto em casa. Cá estou, olhando a um monte de letras jogadas e embaralhadas, apenas avulsos como simples rabiscos de uma criança. Cá estou, apenas tentando esvaziar minha mente que de tão lotada não me deixa dormir, não me deixa se quer deitar em paz. Cá estou, desisto de tentar esvaziar, parece que tem uma zona de arquivos na minha cabeça, uma zona que quando libera um menor espaço o resto tenta ocupar, isso é a consequencia de anos de arquivamento desordenado pois sim, a mente é somente uma grande caixa de arquivos guardados e etiquetados. É, não deu, não consegui mas preciso dormir, então apelo ao que me resta, todos sabem do que falo. Enfim e por fim, boa noite.

Passe, fico

Eles tiram o colete
Mas tiram pra quem?
Pra você? Ou pra eles?
Falam, gritam e berram confiança
Não consigo entender
Treinados a desconfiar, tem que aprender
Aprender sobre esperança.
Esperança quanto as quebradas
Que antes invandia
E agora tem cidadania
Ou pelo menos agora legitimada
E o povo que antes era invadido
Tem acreditar que o invasor
Se tornou o seu protetor
Que sem colete, não há bandido
O passado ainda é presente
Presente no dia-a-dia do invasor
Deixado nas marcas do invadido
Mas não se esquece a verdade
A favela não confia na nobreza
A nobreza não confia na favela
Ninguém confia em ninguém
E muito menos na PM.

Surra

Bate
Pode bater, já não dói mais
Já são só socos, nada demais
Bate
Bate e vai levando o que tem aqui
Pode levar esses pedaços de ti
Era amor
Virou ódio
Era ternura 
Virou descrença
Mas bate
Pode bater de novo
De repente cresce algo no teu oco
Chega de bater
Chega de apanhar
Cansei de sofrer.

Cigarro

Em busca de verdades e certezas
Perdem-se os sonhos e as utopias
Como resposta a minhas palavras
Apenas um trago.

Um trago, uma brasa e és cinza

És, então, restos de meus deletérios
E logo não serás nada e nem eu
Mais um trago.

Sinto no trago o sabor da lembrança
Gosto da tristeza imersa na solidão
E a ruptura de quem fui e quem sou
Mais um trago.

O barulho do silêncio me ensurdece
Já não me reconheço mais em mim
Já não vejo mais teu cheiro aqui
Mais um trago.

O cigarro acaba mas a dor não se vai
E o vazio que você abandonou aqui
Nem você pode mais preencher
Mais um trago.

Já não sou nem poeta e nem moço
Sou então menos que meu cigarro
Sou na verdade refém da minha dor.
Ultimo trago.
Acendo outro cigarro.